Curitiba, 9 de Setembro de 1990
SIMONE CAMARGO OUTRA; apaixonada por jornalismo convive com ele todos os dias no escritório de Assessoria e Comunicação. Já participou do programa Q.I. na: TV como produtora. Constantemente preocupada em se atualizar, adora viajar, participar de estudos, feiras e congressos. Simone também dá aulas no Curso de Comunicação da Universidade Católica do Paraná.
JOGO RÁPIDO
Signo: Libra.
Jornalismo: Deveria ser mais imparcial.
Política: Deveria ser mais sincera.
Sociedade: É válida.
Comunidade: Imprescindível.
Elegância: Primordial.
Personalidade: Forte.
Sonho: Viajar.
lzza – Qual é sua atividade atualmente?
Simone – Sou jornalista profissional formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Paraná na turma de 1988, com habilitação em jornalismo. Tenho escritório de Assessoria e Comunicação com a Regina Tizzot há 2 anos e meio e dou aulas na PUC.
lzza – Como está se desenvolvendo o trabalho de assessoria e comunicação?
Simone – Abrimos o escritório antes de terminarmos a Faculdade. Atendemos diversas entidades classistas e empresariais, como Caixa Econômica Federal, Corujão, Sindicato das Escolas Particulares de Ensino, Sindicato das Imobiliárias, etc. Agora com a campanha política, temos feito também alguns trabalhos na parte de redação para mala direta.
lzza – O que a levou a optar por jornalismo?
Simone – Meu pai tinha o Jornal dos Editais em Curitiba, e a Gazeta de Palmeira, em Palmeira. (Quando pequena meu sonho era fazer Medicina, cirurgia plástica). Fui prosseguindo com os estudos. No 2º grau fiz o curso profissionalizante – secretariado – e tomei conhecimento da situação, da profissão de jornalista; achei interessante, dinâmica e me provocou uma curiosidade muito grande.
lzza: -Você acha que está na profissão certa?
Simone – Com certeza, porque eu tenho um poder de observação muito grande e uma curiosidade saudável, gosto de saber de tudo. É uma profissão que dá a você uma visão geral sobre todos os assuntos.
lzza – É fácil para uma mulher ser jornalista?
Simone – É. Eu sempre falo para os estudantes da Universidade Católica que sempre haverá espaço para os bons profissionais. Conheço muitos profissionais homens que tiveram muito sucesso e também mulheres que dentro de sua carreira se sobressaem. Se a pessoa trabalha com competência e seriedade dentro de um profissionalismo real, dá certo. Eu nunca tive problemas por ser mulher e ser jovem. Achava até interessante entrar numa sala de aula, e começar a falar para alunos de minha idade. Eles achavam que era trote porque eu era mais jovem do que a média dos professores. As mulheres ocupam 60% das classes de jornalismo. Dentro da profissão a questão tende a ser diferente porque a mulher casa e acaba não exercendo a profissão. Aqui em Curitiba o horizonte é pequeno e o número de mulheres atuantes na área é restrito. A sucursal do Jornal do Brasil, até pouco tempo, era composta de mulheres. Na Folha de São Paulo também predominam as mulheres e assim por diante.
lzza – Você já fez televisão?
Simone – A produção do Q.l. na TV. Lastimo que Curitiba ainda apresente características provincianas. O que acontece? O Q.l. na TV é um programa regional mas todos acham que ele era produzido no Rio ou em São Paulo, porque a apresentadora não era uma pessoa conhecida, a Clarissa Lopes Aida. Eu fui chamada para fazer a produção, pois já havia sido repórter na TV Curitiba. Foi uma experiência muito boa porque na produção você tem a oportunidade de conviver com as pessoas. Esta parte jornalística era excelente para mim que a cada semana conhecia uma pessoa diferente. A televisão ainda é o grande chamariz, exercendo fascínio sobre as pessoas.
lzza – Você já se interessou pelo trabalho em rádio?
Simone – São três veículos fortes de comunicação: o rádio, a televisão e o jornal, mas o rádio é geralmente esquecido. Ninguém está indo para Universidade cursar Jornalismo por quatro anos, para ser radialista. Dos veículos, é o que mais comunicação atinge, por ser portátil, instantâneo. Eu já fiz algumas experiências no rádio. A Izabel Mendes tem um programa na Rádio Capital e me convidou para conversar sobre a possibilidade de fazer a produção com ela. Eu achei ótimo, pois precisava desta experiência, mas como ela está envolvida em campanha política atualmente, sei que isso só acontecerá no ano que vem.
lzza – A faculdade incentiva a opção pelo rádio?
Simone – Estamos fazendo na Faculdade um projeto de Rádio. Os alunos têm todas as quintas-feiras das 24 horas a 1 hora da manhã um programa na Rádio Paraná. Gravamos nas terças-feiras, no horário da minha disciplina. É uma forma de motivá-los e de mostrar que o Rádio também tem retorno e deveria ser mais explorado.
lzza – A televisão tem mostrado nas novelas, ultimamente, a mulher repórter. Você acha que esta iniciativa é uma forma de incentivo para a escolha desta profissão?
Simone – Na Rainha da Sucata, por exemplo, a Claudia Ohana fez a jornalista e acho que a emoção que ela passa, andar de jeans, estar sempre· em pauta, se apaixonar pelo mocinho rico, às vezes chega a incentivar o telespectador que talvez até venha a optar pelo jornalismo pensando em viver estas emoções algum dia.
lzza – Por que as pessoas sempre tentam mostrar a jornalista mal vestida, descuidada? Por que este gênero predomina?
Simone – Na verdade, penso que é para fazer um tipo. Eu, pessoalmente, não aprecio este gênero. Sempre optei por uma linha não tanto elitizada mas arrumadinha. Se eu vou ser assessora de alguém, vou cuidar de sua imagem seja escrita ou falada. Como é que eu posso me apresentar descuidada, mal vestida? A pessoa vai ter uma péssima impressão. A gente tem que ter uma boa imagem para vender também uma boa impressão para o cliente. Uma jornalista não tem que andar somente de jeans, bolsa de couro até o joelho e cabelo comprido (de preferência sem pentear) camiseta esgarçada. É certo que um jornalista ganha pouco, mas isso não justifica. A roupa pode ser simples, mas o cuidado consigo mesma é essencial.
lzza – Com toda essa agitação a sua vida pessoal não fica prejudicada?
Simone – Às vezes eu me pergunto: por que eu faço tudo ao mesmo tempo? Eu vejo e tenho conhecimento de experiências de pessoas que casaram muito cedo e hoje estão limitadas pelas obrigações conjugais, casa, marido, filhos, etc. Eu optei exatamente pelo contrário, encaro o casamento com seriedade por isso quero fazer tudo agora. Ainda não sinto essa necessidade de casar, no momento estou voltada para mim mesma, o meu trabalho, o meu estudo, pretendo ainda fazer muitas coisas. Nos finais de semana não tenho horário para nada mas quero fazer tudo. Ainda não senti que chegou a hora.
lzza – Você já escreveu para jornal?
Simone – Inclusive comecei a minha carreira escrevendo para o Claudio Manoel da Costa, como colaboradora.
lzza – O que você gosta de fazer nas horas de folga?
Simone – Gosto muito de ler e de outra coisa que eu achava demodée, out, que é dormir. Um bom sono para mim é muito importante. Eu faço ginástica três vezes por se-mana, às sete horas da manhã. Adoro música (bossa nova) é a melhor terapia. Me sinto feliz em meu quarto ouvindo a minha música, dando uma geral nos armários. Mas confesso que o meu maior hobby é pensar, não paro um minuto sequer.
lzza – Isso não te desgasta?
Simone – Absolutamente. Penso em tudo, nas estratégias, no que pode acontecer se eu tomar um ou outro rumo e por isso nunca fui uma pessoa de· um só caminho. Quando pensei em ir para a Áustria, ponderei: o que eu ganharia se passasse no teste e tivesse essa oportunidade e o que aconteceria se eu não fosse. Cheguei à conclusão de que se não acontecesse é porque não seria o momento.
lzza – Você é uma pessoa organizada?
Simone – Hoje eu sou organizada, prática e lógica, não conformista. Me organizo dentro de uma rota porque disponho de pouco tempo. Se eu não tiver organização, cada vez que precisar de algo vou perder mais tempo procurando. Tudo o que faço tem uma finalidade.
lzza – Quais são seus planos para o final de ano?
Simone – Os meus planos sempre incluem viagens. Primeiro, acabar o ano de 1990 e viajar para o Pantanal. No escritório estamos fazendo uma ampliação, criamos o escritório de burreau de textos para pequenas e médias empresas com volume pequeno de correspondência, mas que necessitam e que nos contratam por serviços. Eu sei que o escritório vai crescer mais e por isso meus planos incluem muita organização para que eu possa produzir mais e melhor. Quero ter uma situação que me possibilite viajar, participar de estudos, congressos, porque a parte cultural sempre me atraiu.
lzza – Para finalizarmos a nossa conversa, o que você está achando da campanha eleitoral?
Simone – Que acabe logo. Eu nascei aqui em Curitiba e adoro esta cidade e sinto pena de vê-la tão suja. Com o término das eleições seria admirável se os candidatos retirassem todos os cartazes. No Paraná não são permitidos os out-doors, infelizmente, e esta seria uma forma de não sujar tanto a cidade. Agora os postes estão repletos de cartazes e quem vai limpar? Os funcionários da Prefeitura e acho que isso no fundo, não é justo.