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“O principal é a realização” expressa Irene Martins

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Curitiba, 6 de janeiro de 1990

 

IRENE MARTINS; Irene é autêntica, simples e descomplicada. Adora os filhos, seu trabalho, encontrar amigos. Nesta conversa informal ela nos conta o que pensa, o que gosta de fazer e o que espera do próximo ano. Esta é Irene. Sra. Odone Fortes.

 

Izza – Como vai a sua vida social? Você gosta?

Irene – Eu comecei a frequentar a vida social por necessidade de profissão no Jornal. Depois, fiz amizades ótimas com pessoas maravilhosas. Hoje, eu adoro rever e encontrar amigos.

Izza – E qual seria o teu estilo?

Irene – Sei que não faço o gênero super produzido porque meu temperamento é descomplicado e adoro a simplicidade. “Em meu trabalho, se não houver ninguém para fazer no momento, eu realmente dou um jeito e resolvo o que for preciso, porque não tenho medo do trabalho e isso faz parte de minha personalidade”. Tenho sempre que estar produzindo alguma coisa.

Izza – Você diz que é simples e descomplicada. O que você espera das pessoas?

Irene – Sou libriana, gosto de coisas bonitas, de artes, de família unida. Valorizo sempre as pessoas pelo que elas são e não pelo que elas têm. Analiso-as igualmente desde que tenham a mesma capacidade e o mesmo potencial. Admiro as vencedoras e não aprecio as que se lamentam, continuamente desanimadas, pois sempre procurei lidar e ter amizade com gente de alto astral. Acho que a convivência com pessoas derrotadas nos atrasa. Você escolhe suas amizades e seu caminho. Mesmo que tenha vindo de um nível social simples, você traça o seu rumo. Muito mais fácil é sentar e chorar. Tudo é possível desde que você queira realmente e lute pelo seu ideal.

Izza – Como é você como mãe?

Irene – Tenho 2 filhos, Paulo e Cristina. Sou uma mãe à moda antiga, um pouco possessiva. Minha filha tem quatorze anos e nunca frequentou a sociedade. Agora fiz seu primeiro vestido para a noite de Natal. Tudo tem a sua hora certa. Gostaria que ela fosse criança o máximo possível e acho importante que tenha um respaldo de família bem gosto e sem futilidades. Sou à moda antiga porque quero que meus filhos “curtam” aquela parte boa da vida. “Gosto de conversar com eles e dialogamos bastante. Acho que toda a mãe gosta de proteger os filhos um pouquinho porque, para a gente, eles tardam a crescer. Só sei que a vida não teria sentido para mim sem os filhos; ser ‘mãe para mim é fundamental, a minha maior vocação! Nunca deixei de passar o Natal com eles, de festejar os aniversários, “curtir” esse lado maternal que todas as mulheres têm”. Paulo, o mais velho, é uma pessoa sensível e batalhadora. Trabalha no jornal desde os 14 anos. Começou pelo almoxarifado, foi “office-boy” e hoje trabalha comigo na parte administrativa. Acho ótimo, porque ele tem que aprender a trabalhar e gostar do que é seu.

Izza – Qual é sua função no “Indústria e Comércio?

Irene – Bem, enquanto meus filhos eram pequenos, eu fiquei em casa. Quando a Cristine completou 10 anos, coincidentemente, minha irmã que trabalhava no Jornal teve que mudar-se para Brasília; então, assumi a parte financeira e administrativa mas, mesmo trabalhando, nunca deixei de me dedicar ao lar. Não pretendo deixar de balhar porque, com o tempo, vamos nos entrosando cada vez mais e isso é muito gostoso; é um período de amadurecimento emocional e profissional.

Izza – Você nunca pensou em escrever, ter a sua própria coluna no jornal?

Irene – Nunca pensei porque não tenho talento para escrever, não é esta a minha área; sou mais comerciante e fascino-me com os números.

Izza – Nestes 4 anos de jornal o que mais lhe emocionou?

Irene – Quando vemos que o nosso trabalho é reconhecido, é uma emoção! Não sei o que eu poderia destacar em especial no momento, mas me sinto feliz e emocionada quando vencemos uma batalha e quando conseguimos realizar alguma tarefa à qual nos propusemos; também, quando sentimos respeito para conosco. As emoções, alegrias e preocupações fazem parte da vida.

Izza – O que você considera gratificante?

Irene – O reconhecimento. Fico contente quando as pessoas telefonam nos dizendo que estão acompanhando nosso trabalho nos parabenizando por uma reportagem bonita. São pessoas maravilhosas que nos incentivam a continuar e a fazer cada vez melhor. Vibro também quando superamos algum obstáculo, adquirimos uma nova máquina ou passamos a contar, em nossa equipe, com um bom profissional, porque acho que o jornalismo é um idealismo e admiro as pessoas que a ele se dedicam.

Izza – O que você acha do colunismo social?

Irene – O colunismo está mudando, acrescentando, acompanhando a evolução dos tempos. Está mais variado, interessante e abrangente e isso é ótimo porque, atualmente, as pessoas quando leem a coluna já não se interessam somente em saber como as outras estavam vestidas neste ou naquele local.

Izza – Eu soube que você participa da Associação Comercial. Como?

Irene – Comecei há quatro anos atrás. A princípio, meio receosa mas, depois adorei! Sou do Conselho Permanente da Mulher Executiva e da Associação das Mulheres de NegócÍos e Profissionais do Paraná. É muito gratificante trabalhar e conviver com elas, pois conversamos sério sobre tudo. Quando entrei, depois da segunda ou terceira reunião, vi o quanto aquelas mulheres são trabalhadoras. E o quanto dedicam-se aos seus ideais; sua força é incrível!

Izza – Sobre a mulher atual, qual é sua opinião?

Irene – Há trinta anos atrás nós fomos muito tolhidas, no sentido de expansão, de força interior, pois éramos criadas para o casamento. Agora, as meninas estão tendo oportunidade de preparar o seu futuro. Eu, por exemplo, já estou criando minha filha para ser uma profissional e não para ser somente uma esposa. Se ela quiser ser esposa, ótimo! Maravilhoso! Um complemento de vida, desde que isso não seja o seu único objetivo. Hoje, as mulheres estão sendo preparadas para trabalhar ao lado do homem. É uma questão de capacidade e não de sexo; não importa se é um homem ou uma mulher, o que conta é a capacidade. Não concordei com a Lei da Maternidade, achei um absurdo porque isso nos prejudica, favorece as mulheres com mais de quarenta anos, mas não a minha filha quando ela quiser ser uma arquiteta. A admissão de mulheres jovens ficou mais complicada, principalmente para as que estão iniciando carreira. As mulheres são muito competentes porque acumulam administração da casa, a educação dos filhos, além da responsabilidade com a parte profissional (às vezes em cargos importantíssimos e de muita responsabilidade).

lzza – Qual é a sua filosofia de vida?

Irene – Lembro-me sempre de uma frase que meu pai repetia: “A gente tem obrigação de ser feliz”. Não importa o que você faça, o essencial é que cada um faça o que goste. O dinheiro, os bens materiais, não são tão importantes. Claro que são necessários para que possamos ter conforto, em caso de saúde, etc.; mas o principal é a realização.

lzza – E o novo governo?

Irene – O Brasil é um país de oportunidades. Aqui se você tiver capacidade, vontade, força e persistência, vai para frente. Espero, deste novo Governo, que haja mais igualdade de oportunidades. Alimentação, estudo, não foram prioridade nos outros governos. Eles se preocuparam mais com as grandes empresas, subsídios, etc. e deixaram de lado o mais importante.

lzza – O que você desejaria para os nossos leitores?

Irene – Eu gostaria que este novo Presidente fosse realmente um presente para o ano que começa; que possibilitasse para o povo brasileiro melhores condições de vida; que a distribuição de renda fosse um pouco melhor; que houvesse mais acesso à educação; que o estudo, no Brasil, fosse mais profissionalizante. Vejo que, no próprio jornal, aparecem pessoas procurando emprego e não sabem trabalhar (nem escrever o português correto); isso demonstra que não estão sendo preparadas para trabalhar. O brasileiro terá que ser realmente mais feliz! Falo daquele brasileiro que hoje ganha dois ou três salários mínimos. Veja o problema das crianças de rua; que bom seria se elas tivessem a oportunidade de frequentar uma escola, aprender um ofício. Claro que os problemas são de base, de estrutura, e uma coisa puxa a outra. De nada adianta educação sem saúde.

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