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“Otimismo e amor” revela Julieta Carnascialli Miró

Postado em

Curitiba, 24 de Fevereiro de 1990

 

JULIETA CARNASCIALI MIRÓ; Presença bonita e elegante de nossa sociedade. Formada em direito, atua com destaque administrando imóveis. Atualizada e participante, Julieta nos conta sobre sua vida e suas idéias. Esta é Julieta, Sra. Arnaldo Lobo Miró.

 

Izza- O que você vem fazendo ultimamente?

Julieta – Trabalho e cuido de minha casa, meu marido e meus filhos. Como temos um loteamento em guaratuba, existe uma empresa que cuida dessa parte e eu trabalho nesta área porque o Arnaldo realmente não tem tempo e a parte da administração dos imóveis cabe a mim. É um negócio pequeno mas que tem que ser bem administrado.

Izza – Você nunca pensou em trabalhar com seu marido?

Julieta – Fiz a faculdade de direito, me formei e fomos morar no Rio de Janeiro por dois anos, onde o Arnaldo fez especialização em cirurgia plástica com o Pitanguy. Não trabalho em meu ramo porque meu marido tem uma atividade bem diferente, no caso. Um médico nunca tem horário e um advogado vive ás custas de horário, por isso seria difícil conciliar.

lzza – É difícil ser mulher de médico?

Julieta – É difícil e não é. Se você se casa com um médico deve saber que no futuro terá que abrir mão de muita coisa. O que não pode acontecer é a intransigência. Veja bem, quando você necessita de um médico não gostaria que, independente de horário ele estivesse ao seu lado? A compreensão é fundamental. E depois, um médico quando chega em casa deve ter muita tranqüilidade porque desempenha no dia a dia uma profissão de muita responsabilidade. Por isso, muitas vezes os compromissos tem que ser adiados, pois sempre pode acontecer alguma coisa de última hora, uma emergência. Me lembro que há três anos atrás estávamos na praia e uma pessoa amiga sofreu um acidente; na mesma hora o Arnaldo teve que vir à Curitiba para atendê-la. É uma necessidade a ser atendida prontamente. Acho normal porque isso faz parte da profissão que ele escolheu.

Izza – O que você acha do trabalho na vida de uma mulher?

Julieta – É muito bom a mulher trabalhar, porque ela deve conquistar o seu espaço e também se realizar profissionalmente, mas ainda acho que ela acumula muitas funções porque a responsabilidade da casa lhe cabe totalmente. Sinto que atualmente, a mentalidade está bem melhor. Não existe mais tanto machismo e sim, mais cooperação, com isso a mulher tem mais oportunidade de crescer. A casa é uma empresa que tem que ser bem administrada, a manutenção, os custos, etc. Não é muito fácil trabalhar fora, principalmente para quem tem horário a cumprir.

Izza – Como lazer, o que você aprecia?

Julieta – Fora as minhas atividades, quando estou de folga gosto de caminhar, fazer ginástica, ler, ir à praia nos finais de semana, fora da temporada, quando tudo está mais tranquilo. Adoro receber amigos e cozinhar, desde que esporadicamente.

Izza – E a Julieta no dia a dia?

Julieta – Sou uma geminiana típica. Sou positiva e tenho muita energia, procuro fransmitir isso para os meus filhos. Acho sempre que tudo vai dar certo, que tudo está bom. Quero que os meus filhos vejam o lado bom da vida, pois isso ajuda muito. Levanto às 6:30 horas da manhã, me arrumo, levo as crianças à escola e sigo para o meu trabalho. Aqui em casa todos dormem cedo e às 7:00 horas da manhã o movimento já é intenso. É Ótimo, porque dá pique. Tenho tempo até para ir à aula de ginástica e caminhar um pouco, para manter a forma. Depois, vou para o escritório e à tarde vejo o que falta em minha casa. Acho que a vida deve ser levada com responsabilidade e muito amor. Vivo principalmente, em função de minha família. Claro que o trabalho é gratificante, mas está em segundo plano.

Izza – Quanto aos filhos, atualmente é difícil educá-los?

Julieta – Eu acho difícil porque as crianças atualmente, têm acesso a muita informação, muito mais do que a gente recebeu. Fomos criadas diferente. Eles exigem muito a presença, perguntam e participam ,aliais e por isso a atenção dedicada deve ser bem maior, não tanto em tempo mas em qualidade. Eu curto muito meus filhos e concordo com o Arnaldo quando ele diz que existem duas hipóteses: ou você se cansa um pouco antes ou você se incomoda depois. Nesta fase, quando são pequenos é essencial a atenção frequente, a observação constante, temos que estar sempre em cima, atendendo. Quem não faz isso distancia muito e as conseqüências vem mais tarde. O diálogo é extremamente importante. Reconheço que sou uma super mãe. Sou filha única, mas minha educação foi rígida; fui muito paparicada, porém com limites bastante definidos: hora de dormir, hora de estudar, etc. Posso dizer que fui mimada porque tinha tudo o que queria mas vejo que as crianças de hoje também têm. Com meus filhos, aqui em casa, a linha é dura e a criança deve saber o seu limite. É fundamental que elas aprendam que nossos direitos vão até onde começam os dos outros.

Izza – Como filha de colunista, o que você acha da vida social?

Julieta – Gosto de vida social mas com pessoas que sejam realmente amigas. Isso é gostoso. Reuniões pequenas com pessoas que compartilhem momentos e idéias agradáveis.

Izza – Você lembra de algum fato marcante que lhe traga boas lembranças?

Julieta – O que me marcou muito foi conhecer o Arnaldo, aos 17 anos. Ele me deu muita segurança por ser uma pessoa muito madura, coerente e responsável. Muito do que sou devo a ele. Casamos cedo e o fato de termos ido morar no Rio de Janeiro também foi uma experiência ótima. Crescemos e nos unimos mais com isso. Foi uma lua de mel de dois anos e meio, além disso ele estava fazendo uma coisa extremamente importante para seu futuro e isso também foi um incentivo. Na época, o Rio era muito tranquilo, comparado com os tempos de hoje, por isso pudemos aproveitar. Foi uma experiência gratificante.

Izza – Sobre a evolução da mulher e a posição que ela desempenha na sociedade o que você pensa?

Julieta – Ela está conseguindo firmar sua posição na sociedade e principalmente, aqui no Brasil. Acho que a mulher tem jogo de cintura e savoir-faire não havendo necessidade de posturas e manifestações agressivas como aconteceu naqueles movimentos femininos. Aqui ela foi conquistando a sua posição de uma forma tranquila, passo-a-passo. É importante que .ela conquiste seu lugar por sua competência, por sua capacidade profissional, porque não é brigando ou queimando sutiã que você vai alcançar os seus objetivos. Se o homem só se sobressai quando realmente é capaz, imagine a mulher. O caminho é a agressividade. Veja quantas mulheres ocupam atualmente cargos importantes e acredito que no Governo Collor, ela terá o seu lugar de destaque. Acho interessante que a mulher continue nesse caminho, procurando evoluir sem esquecer o seu lado mulher, seu lado feminino. Ela consegue desempenhar qualquer função sem deixar de ser feminina. Se casada, nunca esquecer o seu lado família, seus filhos. Ainda é ela que segura o casamento e é o esteio da família e da casa.

Izza – Para finalizarmos, o que você considera gratificante?

Julieta – Minha família, meu marido e meus filhos é o que há de mais gratificante para mim, tê-los a meu lado unidos. Toda a humanidade começou dentro da família e acho necessário que se dê importância a ela para que criem-se jovens e adultos seguros.

 

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