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“OS SEGREDOS DE UMA BOA VIAGEM” conta Renate Ritzmann

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Curitiba, 4 de março de 1989

RENATE RITZMANN – Nasceu na Alemanha e vive há vinte e um anos no Brasil. Confessa ser feliz aqui onde fez um grande círculo de amizades. Renate representa
a Melia e a Designers Tours, e por sua extrema competência, é considerada uma das melhores representantes do Brasil.

 

IZZA – Renate, você é uma figura badalada e constante nos acontecimentos sociais de Curitiba, conte-nos qual é a sua atividade principal.

RENATE – Estou no Brasil há vinte e um anos e quando cheguei, trabalhei no campo de estética, e me dei muito bem, mas há seis anos atrás decidi me dedicar a outro ramo e peguei a representação de turismo. Primeiramente, me ofereceram uma multinacional espanhola, a famosa “Melia” e há dois anos peguei também a “Designer Tours”, nacional que tem sua sede em São Paulo e com seu forte os Estados Unidos e Oriente.

IZZA – O que a fez optar pelo Turismo?

RENATE – Primeiramente eu sempre viajei muito, e tive a oportunidade de conhecer diversos países. Adoro o que faço e espero que os problemas que o pafs está passando não afetem o campo do Turismo. Optei por este ramo realmente por gostar muito de viagens e de lidar com pessoas. Quando apareceu a Melia me empolguei, porque é uma operadora de muito nome e respeito, uma empresa sólida, de 40 anos, que oferece um leque muito grande de opções. Ela tem escritórios espalhados no mundo inteiro e que me ajuda muito a trabalhar. Seu forte, não nego, é a Europa, mas eles operam no mundo todo. Na Espanha, ela é a maior de todas e é a terceira maior do mundo. A primeira é a American Express, a segunda é uma companhia japonesa.

IZZA – O turismo não é tão fácil quanto parece, como foi que você aprendeu de repente a lidar com isso?

RENATE – Sempre tive muitos conhecimentos e um ótimo professor. Floriano Menezes da BMP Turismo que quando eu não sabia as coisas, me ensinou. O que me ajudou bastante foi o fato de eu sempre ter viajado, então em questão de vida prática, não havia problemas, mas no tocante â teoria constantemente temos que aprender. Li muito. Tive também ajuda de pessoas e encontrei amigos e excelente apoio. Você sabe que, somente lido com agências, porque levo para eles os programas, e quando iniciei, havia aqui em Curitiba cerca de 80 agências e pelos meus conhecimentos, pelo menos 60 agências já me conheciam e sabiam quem eu era. Quando eu fazia a visita, antes de chegar a representante, chegava a Renate e isso me abriu portas e me auxiliou a entrar e a trabalhar com eles porque no meu ramo o mais importante é a rapidez e a honestidade. Creio que eles apreciam o meu trabalha

IZZA – Qual seria exatamente o seu trabalho?

RENATE – Você que já trabalhou no Turismo, Izza, sabe que a agência operadora promove excursões para serem comercializadas através de agência de viagens, fazendo um trabalho de análise detalhada das expectativas da demanda e da concorrência, e eu represento essas operadoras.

IZZA – O que é uma Operadora?

RENATE – É uma firma especializada em turismo em grande escala, programa Tours, oferece assistência e com a posição e experiência que alcançou, através dos anos no mercado, de sua vivência pode ofertar às agências maior apoio para que as mesmas se saiam muito bem. Neste trabalho estão incluídos Tours já programados como também viagens individuais elaboradas com a máxima atenção
e carinho. O cliente merece.

IZZA – Como é uma viagem individual?

RENATE – Há passageiros que preferem viajar individualmente, porque já viajaram muito e conhecem todo o funcionamento das viagens em grupos, desta forma, a operadora juntamente com as agências, elabora um programa bem a gosto desta pessoa, satisfazendo-a plenamente. Por exemplo, se uma pessoa idealizou ir a um Festival de Concertos em determinado País, quer ver mésica clássica. Ela ficará alguns dias neste local e depois vemos o que podemos implantar mais nesta viagem porque a pessoa não vai fazer uma viagem longa por poucos dias somente. Verificamos onde há mais programações de mésica que coincidam com a mesma época, e apresentamos para o cliente. Pesquisamos onde estão acontecendo mais concertos, de referência próximos. Veja, agora vai acontecer a Feira de Hannover e verificamos o que poderia interessar no campo. No caso, visitas a fábricas, e para que tenhamos acesso a estas visitas é necessário travar contato. Aí vem o meu trabalho, arranjar tudo. Junto com as agências descobrimos o que mais poderia ser indicado para tomarmos mais interessante a viagem.

IZZA – Já que você contacta com todas as agências como consegue visitar tantas, uma vez que, em Curitiba existem no momento mais ou menos 300?

RENATE — Quando a gente fez um nome, as pessoas nos procuram. Eu movimento e gosto do meu trabalho. Claro que com esse aumento de agências, às vezes não consigo conhecê-las de imediato pessoalmente. Eu geralmente visito quando sou convidada para a inauguração ou para uma visita. Posso dizer que conheço quase todas. Por isso fazemos sempre o “Café da Manhã” para que compareçam e facilitem o nosso contato e para que eles conheçam nosso trabalho de perto. Fazemos geralmente no Hotel Slaviero porque eles cooperam conosco e estão equipados com a aparelhagem necessária. E muito gostoso.

IZZA – A concorrência entre as operadoras ê grande?

RENATE – Existem operadoras muito grandes como existem as menores. Nós temos bastantes colegas iguais que trabalham bem e se respeitam. Sempre se fala mais em agências de viagem porque nós não temos tanto contato com o público, somente com as agências. As vezes chego a conhecer os passageiros que satisfeitos com a empresa que eu represento, ligam para agradecer. Isso me gratifica muito.

IZZA — Sabemos que é impossível agradar a todos, como ficam as reclamações?

RENATE — Nós trabalhamos com terceiros e falhas humanas existem. No caso de reclamação, primeiramente analisamos, e quando o passageiro tem razão, nós vamos em cima do fato. Num grupo de 30 ou 40 pessoas dentro de um ônibus, vamos supor que a guia não agradou. Normalmente ela é treinada para agradar a todos, mas pode ter uma pessoa no meio, que não tenha simpatizado com ela. Se acontece, de uma ou duas pessoas não gostarem, o fato é normal e a guia não deverá ser mandada embora por isso, ma suponhamos que 15 ou 20 pessoas não tenham gostado, daí concluirmos que realmente houve algo de anormal e certamente, sabemos rapidamente o nome.

Comunicamos para o Rio de Janeiro que manda para Madri e essa pessoa é despedida. Ela poderá ser uma boa guia para outra operadora depois, mas quando temos reclamação de muita gente ela sai da companhia.  Para todas as operadoras este é um problema constante. Os guias geralmente têm a comissão nas lojas que nós tentamos cortar, mas é difícil. Felizmente temos pessoas ótimas, porque o interesse é vender sempre e não somente uma vez. O objetivo é aumentar o nosso leque de passageiros. Outro problema é o de translado porque muitas vezes o próprio passageiro troca seu avião, acontece. Por exemplo, a pessoa está marcada para chegar tal dia em Frankfurt, com conexão em Zurique e aí o voo internacional do Brasil chegou com atraso de 3 horas. Daí é claro que o voo de conexão já saiu para Frankfurt e a pessoa tem que pegar outra conexão.

Aí é impossível avisar a guia porque pelo computador é proibido na Europa in- formar nomes que estão chegando, e muitas vezes a pessoa aqui não entende. Se vamos ao balcão da companhia aérea, explicando que a pessoa não chegou e se queremos informação em qual voo ela vai chegar, essa informação de maneira alguma será dada. Sei que aí o translado neste caso está prejudicado. Se a guia foi avisada que o passageiro chegaria em tal voo e não chegou, a culpa não será da operadora nem da agência. Os atrasos de vôos independem e nosso controle. No caso dessas reclamações, tomamos conhecimento, mas não podemos fazer nada.

IZZA – Atualmente devido a situação, as pessoas viajam menos?

RENATE – Este ano ainda é uma incógnita, não sei. Na semana passada visitei Londrina e nesta vou para Santa Catarina e não temos ainda os folhetos da alta temporada, os preços ainda estão sendo estudados. Esperamos um bom ano. O ano passado foi ótimo.

IZZA – Falam em crise, mas os aeroportos estão sempre cheios.

RENATE – Claro, o que mudou foi o seguinte: existem muitas viagens acessíveis bem em conta. Realmente se luta pelo mercado, procuramos outro e achamos. Antigamente não se usava hotéis 2 estrelas na Europa, e atualmente usamos, porque lá, esses hotéis são confortáveis. Recorremos a outras opções.

IZZA — Você está há 21 anos no Brasil, como veio parar em Curitiba?

RENATE – Eu morava na Alemanha, casei lá mesmo com um brasileiro filho de alemães que estava morando lá, há dez anos. A família dele mora aqui, por isso viemos para cá. Infelizmente depois de três anos ele faleceu e eu como adoro o Brasil, fiquei. Meu filho Haiko também adora viver aqui. Duas vezes por ano vou para a Alemanha porque minha família mora lá. Há muitos anos estou aqui, me acostumei bem, fiz meu ambiente e tenho muitos amigos. Acho que aqui existe mais o espírito de família, é mais unida do que na Alemanha. Na Europa, cada um vive mais para si só, por isso eu gosto muito mais do jeito brasileiro. Aqui as pessoas se reúnem mais, talvez pelo próprio espaço físico, as casas e apartamentos são maiores. Na Alemanha é ao contrário, os ambientes são menores, falta a mão-de-obra, não existe empregada, cada um se vira como pode. O calor humano, a união familiar aqui no Brasil me deixa muito feliz.

IZZA – Atualmente a Alemanha não oferece uma situação mais tranquila para viver?

RENATE – Como te disse, eu adoro o Brasil e não troco por lugar nenhum. Lá, o povo tem muita tranquilidade porque a desvalorização é de 2 ou 3% anualmente. Eles investem e trabalham com mais segurança. O trabalho foi em comum para chegar a este ponto, foi um empenho do povo, do comércio, dos políticos, indústrias etc., e para crescer e chegarem neste ponto, também sofreram. Eu vivo muito bem aqui no Brasil e não perco a esperança. Acho que tudo vai dar certo. O mais importante é não desanimarmos.

IZZA – O que você está planejando de imediato?

RENATE – Ainda trabalhar porque é essencial e me gratifica, me realiza. Vamos ver o que vai me trazer o futuro. Por enquanto gosto de minha vida como está, sou bem feliz assim, fazendo o que gosto.

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