Curitiba, 04 de Julho de 2018
“ Então, se uma cidade tem sua própria personalidade, talvez também tenha uma alma. Talvez tenha seus próprios sonhos. ‘ – Neil Gaiman
Lembro, mesmo distante, residindo no calor das praias de Sergipe, deslumbrar-me com as imagens da Capital Ecológica que permeavam o noticiário televisivo. Era o início dos anos 80, e o pungente progresso de Curitiba encantava e fazia sonhar brasileiros de toda a parte. Estandarte do desenvolvimento consciente, do urbanismo planejado, do transporte público inteligente, do Projeto Lixo que não é Lixo – beneficiando a população carente e o meio ambiente -, dos incontáveis parques e áreas verdes, a cidade representava o ideal de uma metrópole em desenvolvimento, a ser copiado por outras tantas.
Mais tarde, aqui cheguei e estabeleci minhas raízes com minha família. As imagens que então povoavam meu imaginário se tornaram minha realidade: os passeios de domingo no Parque Barigüi, as pinturas em guache das crianças em frente ao Bondinho da Rua das Flores, as belas ruas do meu Batel. Como uma sinfonia, diferentes estratos e camadas revelando-se a cada acorde.
Aqui me conectei com meu passado e meu futuro. As descendências alemã, polonesa e portuguesa me proveram dos valores, princípios e costumes de diferentes povos – assim como a própria Curitiba reveste-se da pluralidade cultural ao transparecer-se cosmopolita; passarela internacional em sua personalidade. Meu avô, administrador da Casa Vermelha, certamente imbuiu no sangue de nossa família o prezo pela inovação e o espírito pioneiro, além do amor à capital paranaense. Vínculos que transcendem o tempo e trazem um sentimento de pertencer.
Recordo com carinho e honra a inauguração do Jardim Botânico. Presidida pela empresária Maria Cecilia de Leão Rosenmann e com projeto de Beatriz Ferroni Ferreira, a BPW Curitiba ajudou a semear as sementes do belo futuro da cidade: as primeiras mudas do manto de flores que circundam o palácio de cristal foram doadas pelo espírito colaborativo do brilhante grupo de mulheres que tenho orgulho de fazer parte. Representação das mãos que, unidas, diariamente constroem a alma dessa urbe que, em troca, nos acolhe, ensina, cuida.
Sofisticada, inovadora, progressista e consciente de seu passado, com graça, se adapta ao espírito dos tempos sem jamais perder sua essência. Tem um jeito próprio, internacional, nos gostos das vitrines das boutiques, da cozinha de seus restaurantes multiétnicos, nas centenárias ruas que observam o andar apressado de seus habitantes de tantas e diversas origens, nas inúmeras universidades em que jovens adquirem o conhecimento que forma o amanhã. É moderna e histórica. Tradicional e vanguardista. Familiar e simultaneamente cheia de surpresas.
Florescendo diante dos desafios de mobilidade urbana, oportunidades de trabalho, educação e cultura, desenvolvimento sustentável e respeito ao meio ambiente, o tramado único da capital é formado pelas tantas histórias dos habitantes que acolhe. É a representação destes anseios coletivos e desejos individuais. Ouso dizer que os sonhos de Curitiba se confundem com os sonhos de cada um de seus habitantes: sonhos que se transformam em infinitas possibilidades que se realizam e conectam dia após dia. Curitiba é sonho e realização.
Autora:
Marlene Wiedermann
Empresária aposentada da agropecuária, reflorestamento e turismo
Sócia honorária da BPW Curitiba
Conselheira do Conselho da Mulher Empresária da Associação Comercial do Paraná
