Amar Curitiba é trabalhar por ela!
Minha paixão por Curitiba começou em 1960. Ainda jovem, mudei-me de São Paulo para a capital paranaense em busca de desafios profissionais. Minha esposa, Ety, e minha filha mais velha, Ety Cristina, vieram comigo. Na bagagem, expectativa e sonhos. Curitiba me presenteou com mais duas filhas, pois aqui nasceram Tatiana e Patrícia, e centenas de projetos desenvolvidos para a cidade e para outros estados e municípios do Brasil.
Logo que cheguei à capital paranaense, estava para ser implantado o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná. Ajudei nesse processo e ministrei a primeira aula do curso. Esse foi o primeiro passo para minha carreira acadêmica. Alguns anos depois fui chamado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná para, juntamente com o arquiteto Marcos Prado, organizar e implantar o curso de Arquitetura e Urbanismo da instituição.
Foi extremamente gratificante contribuir com a formação de novos profissionais arquitetos e urbanistas. Foram três décadas compartilhando conhecimento. Após esse período, aposentei-me das salas de aula, mas não das lições de arquitetura.
Paralelamente à atuação profissional e docente, atuei na área filantrópica. Minha mulher, Ety, assumiu a presidência da Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro, em 1966, e eu fui ajudá-la, de forma voluntária, a tocar a instituição. Foram mais de 50 anos como secretário ou tesoureiro. Ao longo desse período, participei do projeto que idealizou e implantou o Hospital Pequeno Príncipe. Construir um hospital planejado arquitetonicamente para as crianças foi um desafio profissional no qual me envolvi de corpo e alma, visto que não havia outros projetos semelhantes no país.
Até hoje participo das atividades da Associação. Tenho muito orgulho do que já construímos e do que estamos planejando para o futuro. Sem dúvida, a medicina pediátrica do Brasil teve um marco a partir do Hospital Pequeno Príncipe.
Completamente envolvido com a cidade, ainda nos anos 1960 participei da elaboração do Plano Diretor de Curitiba e assumi a presidência do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC). Fui o segundo presidente do órgão, e vários projetos que desenvolvemos na época foram implantados anos depois, contribuindo para Curitiba ser a referência em planejamento urbano que se tornou.
O profissional arquiteto acaba não tendo seu nome reconhecido pela grande população, mas tenho absoluta certeza de que a maioria das pessoas já passou ou frequentou diversos projetos que tive o prazer de desenvolver, como os clubes Curitibano e Santa Mônica; o ginásio de esportes do Círculo Militar, conhecido como Palácio de Cristal; ou até mesmo o edifício do Instituto de Previdência do Estado. Levei para outros estados a marca do meu trabalho e as influências da cidade, com a construção, por exemplo, da sede da Petrobras no Rio de Janeiro e da via costeira de Natal.
Escolhi Curitiba para morar e trabalhar depois de formado porque a considerava uma cidade muito tranquila e com potencial de crescimento fantástico. Na época a cidade tinha cerca de 250 mil habitantes, e hoje Curitiba e região já somam mais de três milhões de pessoas.
Minha escolha foi muito assertiva. Minha família se consolidou, profissionalmente sou muito realizado e contribuí para a formação de novos profissionais e para uma causa filantrópica fantástica. Convivendo com diferentes nomes do cenário político, tive a oportunidade de contribuir também para a consolidação do processo de redemocratização e, em 1992, concorri a vice-prefeito de Curitiba. Não fui eleito, mas o desejo de fazer ainda mais pela cidade e estado se manteve intacto.
Nos anos 2000, no primeiro governo de Roberto Requião, fui convidado a elaborar um plano de desenvolvimento urbano e regional para o estado e a ajudá-lo a colocar em prática por meio da superintendência Paraná Cidade. Já na gestão 2006-2010, assumi a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano. Durante o período, realizamos mais de 4 mil obras, além de um programa específico de planos diretores municipais para todas as cidades do Paraná, vinculando, por meio de lei, o financiamento de obras estabelecidas como prioritárias nestes planos diretores.
Hoje, mantenho minha rotina de trabalho e permaneço envolvido com a mantenedora do Hospital Pequeno Príncipe. Trabalhamos com muito entusiasmo na organização e implantação do Complexo Hospitalar de Ensino e Pesquisa Pequeno Príncipe Juril Carnasciali, um Espaço para as Ciências da Vida, que vai viabilizar um hospital-dia, um hospital de alta complexidade, um prédio de ambulatórios, a Faculdades Pequeno Príncipe e o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, além de um Centro Cultural e um Jardim Botânico. Acho que este será mais um grande presente para a cidade de Curitiba, por meio do qual felizmente tenho a oportunidade de contribuir.
Isto é amar Curitiba, minha cidade do Coração!
Luiz Forte Netto nasceu em 1935 em São Paulo, onde se graduou em 1957 em Urbanismo e Arquitetura pela Mackenzie. Nos anos 1960 chegou em Curitiba, onde teve forte influência na criação e implantação dos cursos de Arquitetura e Urbanismo da UFPR e da PUC-PR. Além de inúmeros projetos na área de urbanismo em todo o território nacional, Forte Netto também teve uma importante função social por décadas na administração do Hospital Pequeno Príncipe.
