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“A MULHER TEM TANTOS DIREITOS COMO DEVERES” relata Vera Lúcia Conti Queiróz

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Curitiba, 30 de agosto de 1987

Vera Lúcia Conti Queiróz, nasceu no Rio Grande do Sul, de onde saiu ainda pequena. Filha do casal Odete e Ítalo Conti, militar na época, morou em vários estados até chegar ao Paraná, “terra de coração”. Em Curitiba estudou no Colégio Divina Providência e formou-se normalista em 1962.

No ano seguinte, casou-se com Ary Queiroz, nosso vice-governador. Tem três filhas: Tereza Cristina, com 22 anos, Sandra Regina com 21 e Tânia Mara com 19. Sensível, simpática, de bem com a vida, alegre e muitas vezes tímida, transmite a segurança de quem sabe o que faz, consciente de seu valor. Com imenso prazer fomos entrevistá-la, para sabermos um pouquinho mais de seu universo.

 

IZZA – Vera, como é ser casada com o vice-governador?

VERA – Logo que o Ary assumiu, todos me perguntavam como eu estava me sentindo. Me sinto muito feliz, orgulhosa e consciente das responsabilidades que o cargo do Ary traz a ele e à nossa família. À parte dos compromissos políticos e sociais que agora temos que cumprir, nossa vida continua quase a mesma. Devido a inúmeras viagens, ele deixou de fazer uma das coisas que mais gosta, assistir aos jogos do Atlético. Nos finais de semana procuramos estar sempre unidos, recebendo e preservando nossas antigas amizades, às quais damos muito valor. Isto porque, tanto nós como as nossas filhas, estamos cientes de que na política tudo é passageiro e só os verdadeiros valores permanecem.

IZZA – Já houve divergência política ideológica entre vocês?

VERA – Não, sempre fomos muito unidos. O Ary sempre manteve uma posição política séria e inflexível, que eu sempre respeitei, apesar de algumas vezes brincar com ele dizendo que político tem que ser mais maleável, mas reconheço que esta postura séria e segura foi o que o levou a ser vice-governador. Dentro de casa somos muito democráticos. Conversamos sobre todos os assuntos e muitas vezes as meninas questionam politicamente o pai, que responde sempre com paciência e carinho.

IZZA – Qual é a sua atuação como esposa do vice?

VERA – Como esposa de um homem público, procuro sempre que possível resolver os problemas que estiverem ao meu alcance, evitando com isso sobrecarregar o Ary, pois sei de antemão qual seria sua atitude perante certos acontecimentos. Para poder ajudá-lo, procuro ser uma mulher atualizada, participante e disposta a contribuir para o bem público. No tocante à atividade, ajudo a Débora no  PROVOPAR. Lá existe uma excelente equipe de técnicos, esposas de secretários participantes do Conselho. É um trabalho bonito, constante. Atualmente, o PROVOPAR já está se articulando para a Feira de São Francisco, que certamente repetirá o sucesso dos anos anteriores.

IZZA – Fora do trabalho que lhe cabe como esposa do vice-governador, você exerce outra atividade?

VERA – Faço parte como voluntária de órgãos filantrópicos. Entre eles as Oficinas de Santa Rita de Cássia. É uma entidade de muita tradição que tem por objetivo ajudar a todas as pessoas carentes. No momento estamos planejando uma grande feira beneficente que provavelmente se realizará em novembro. Esta feira acontece anualmente para angariar fundos destinados a órgãos assistenciais.

IZZA – Como é o seu dia a dia?

VERA – Normalmente muito movimentado. Tenho vários compromissos ligados à PROVOPAR, à vice-governança e à família, mas procuro dedicar o maior tempo possível às minhas filhas.

IZZA – Já militou politicamente?

VERA – Gosto muito de política. Leio e assisto tudo que posso sobre o assunto. Meu pai era político também. Foi secretário da Segurança, secretário do Trabalho e depois eleito Deputado Federal por quatro legislaturas. Por isso, convivi com a política desde cedo. Há vinte anos atrás, a mulher não era tão atuante como agora, fazíamos campanhas entre amigos. Porém, agora é diferente. Na campanha Álvaro-Ary, eu atuei e acompanhei ativamente. Viajávamos, fazíamos comícios, visitávamos fábricas e construções; falávamos com operários, eu, Débora, Maristela e várias senhoras integrantes do Comitê Feminino. Visitávamos cidades pólos das microrregiões uma vez por semana. Foi muito bom, assim tivemos a oportunidade de discutir, conversar e principalmente nos entrosarmos.

IZZA – Nesta caminhada, o que mais a sensibilizou?

VERA – A minha família foi a prévia para vice-governador. Nunca havia tido, pois sempre o vice era escolhido pelo partido, mas o Ary com sua visão democrática, fez questão que houvesse uma, porque assim legitimaria sua candidatura. Quando ele foi lançado, não havia outro nome pelo PMDB. Mais tarde surgiu Mauricio Fruet, seu amigo desde a época do Colégio Santa Maria e, até hoje conservam profunda amizade. Tiveram vários debates, mas, sempre deixando de lado intrigas e prevalecendo a estima e o respeito.

Durante a campanha da prévia, o Ary procurou levar a quase todos os delegados do PMDB, suas propostas de trabalho e suas convicções políticas. Fiquei, portanto, muito sensibilidade pelo fato de que, pessoas que nunca haviam tido contato com o Ary, acreditaram na sua capacidade de trabalho e reconheceram nele a pessoa ideal para assumir o cargo de vice-governador do Paraná.

IZZA – Qual é a sua opinião sobre Presidencialismo e Parlamentarismo?

VERA – Ainda não tenho opinião formada sobre qual seria a forma de Governo que melhor se adaptaria ao Brasil. Com o Parlamentarismo, as atribuições do Presidente da República, seriam limitadas e o Parlamento teria mais força para definir suas metas a serem cumpridas pelo Governo. Já no Presidencialismo, o Presidente tem poder quase limitados para governar. Acredito que o Brasil é o melhor país do mundo e peço a Deus que inspire nossos governantes para que melhorem cada vez mais a qualidade de vida da população brasileira.

IZZA – Conservadora ou Progressista?

VERA – Meio termo: nada que é radical é bom, tem que prevalecer o bom senso.

IZZA – E sobre a Reforma Tributária?

VERA – A primeira visão que tive sobre o direito de retenção do dinheiro pertence ao estado, no próprio estado, foi quando o Ary assumiu a COPEL. Ele não achava justo que a COPEL pagasse um alto valor à ELETROSUL em Santa Catarina. Depois de muito empenho, conseguiu que o dinheiro não fosse transferido do Paraná para lá, porque a energia era gerada aqui. Nossas terras foram inundadas, com prejuízo dos agricultores e hoje, é isto que o Álvaro está reivindicando com os royalties de ITAIPU. Tenho a impressão de que a reforma tributária seria a luta dos governadores para a retenção do dinheiro nos próprios estados.

IZZA – E o Plano Bresser?

VERA – Me parece mais objetivo do que o “Plano Funaro” mas a minha preocupação é a de todos os brasileiros. O que acontecerá com o descongelamento?

IZZA – Vera, você é feminista?

VERA – A mulher tem tantos deveres como direitos, ela tem que aprender a lutar pelo seu espaço dentro da sociedade. São muitas as desigualdades, mas espero que a Constituinte repare esta questão.

IZZA – Tenho a impressão de que você é uma pessoa positiva?

VERA – Realmente, sou uma mulher que leva tudo com uma grande dose de otimismo. Esta alegria que deixo transparecer, é fruto de uma vida repleta de amor e muito carinho.

IZZA – E sobre as “diretas”?

VERA – Todo o cidadão tem direito de escolher os governantes. Como a situação econômico-social está instável, o povo deve ficar atento para que não se eleja uma pessoa não qualificada para tanto. Se aproveitando o voto de protesto de uma população insatisfeita com a atual situação pela qual passamos.

IZZA – Como mulher como vê a situação econômica do país?

VERA – No momento, o poder aquisitivo diminuiu bastante. Podemos tomar como exemplo a dona-de-casa. Ela hoje, compra estritamente o necessário, esporadicamente o supérfluo.

 

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