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“MEU TRABALHO DE EMPRESÁRIA, PARRA MIM, TEM MUITO VALOR” afirma Stela Guerra

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Curitiba, 18 de dezembro de 1988

STELA GUERRA. E uma presença bonita e constante nos meios sociais. Acontece freqüentemente pela sua elegância e como empresária de destaque em Pato Branco. Homenageada no ano passado como uma das doze mais belas jovens damas do Paraná, Stela tem muito o que contar Esta é Stela, Sra. dr. Ivanio Guerra.

 

IZZA – Você trabalha Stela?

STELA – Trabalho há sete anos, e comecei de brincadeira. Na época, meu marido achava que era bobagem. Como eu queria muito trabalhar, iniciei vendendo joias em casa. Deu certo e atualmente tenho joalheria em Pato Branco. Valeu a pena porque foi uma coisa que cresceu aos poucos e tem muito valor porque foi feita por mim. O começo foi pequeno: eu comprava poucas jóias e daquelas comprava outras. E assim foi indo, devagar, sem pedir nada a ninguém, uma coisa minha Dois anos depois minha irmã casou, fizemos uma sociedade e hoje ela mora em Francisco Beltrão e toma conta da filial. O negócio foi crescendo em função do próprio trabalho.

IZZA – Pato Branco é um bom campo para isso?

STELA – Mais ou menos, porque a nossa região toda, é essencialmente agrícola, e o problema da agricultura atualmente é grave. Primeiro houve uma seca muito grande que acabou com a agricultura e depois chuva de pedras. Agora impera um pessimismo enorme para o ano que vem. O comércio está ruim em função disso, porque se fosse uma região bem industrializada, e se tivéssemos vários níveis, poderíamos fazer uma previsão. Por exemplo, não deu a agricultura, mas a indústria, está mais viável. Então poderíamos ter mais opção. O “agora” está assim e se não chover nos próximos dias vai ser uma calamidade. O comércio sofre diretamente porque dependemos das pessoas que moram lá e as pessoas dependem da agricultura apesar de que eu tenho vendedores externos que fazem inclusive Santa Catarina, Sudoeste e uma parte do Oeste. Então existe um equilíbrio. Quando comecei, contava apenas com duas pessoas vendendo e hoje em dia tenho aproximadamente vinte pessoas que lidam com vendas externas não contando com as que trabalham internamente.

IZZA – Como é que você está contornando a crise atual?

STELA – Te digo que foi preciso 100% e até 200% a mais de trabalho para obtermos o mesmo resultado que tínhamos. Para termos o mesmo equilíbrio foi preciso triplicar o trabalho, fazer malabarismos. Acho que agora com essa medida sobre o salário mínimo, os problemas serão ainda maiores, salário mínimo para quem recebe é mínimo mesmo, não dá para sobre- viver, mas para quem paga, é também difícil, devido à falta de condições. Eu falo em termos de comércio porque se as pessoas que têm, estivessem vendendo bem, e as coisas estivessem andando normalmente creio que não seria difícil dispor de verba porque acho que é importante dividir, repassar o lucro com as pessoas que trabalham conosco. Mas a venda já está reduzida, uma calamidade e ainda mais, aumenta o salário mínimo? Acredito que será uma tristeza, porque não fica somente nisto, o fato envolve muitas outras coisas. Vamos torcer para que não haja desemprego. Ontem eu estava comentando com pessoas amigas sobre o assunto e chegamos à conclusão que as coisas andam erradas, pois as obrigações que temos com os empregados em geral é enorme, e o empregado atende na medida certa? Tem mão-de-obra especializada? Trabalham oito horas por dia? Agora, os direitos deles são sagrados. Deveria haver um equilíbrio.

IZZA – A joia é considerada como supérfluo?

STELA – É o supérfluo do supérfluo, atualmente, apesar de ser um investimento, por exemplo, diferente de uma roupa, agora caríssima, um assalto a mão armada porque usamos somente por seis meses e no ano seguinte temos que trocar. A joia é eterna, mas apenas 10% das pessoas que compram, vêem como investimento, o restante a consideram como adorno. As pequenas indústrias estão fechando diariamente e só não estão com esse problema as que têm uma estrutura muito grande e que fazem peças mais leves, vendáveis, porque as coisas pesadas ou bem pesadas são direcionadas para os que têm excelente condição financeira.

IZZA – Eu soube que você está lidando também com artes?

STELA – Nós fizemos o I Vernissage com Ikoma em Francisco Beltrão e nos surpreendemos com os resultados, porque vendemos todas as obras e até pedimos mais. Claro que fizemos um trabalho em cima disso, mas é normal porque mesmo aqui a divulgação sempre é necessária. Desta vez a exposição foi feita na joalheria, numa sala anexa, mas para o ano que vem talvez eu monte uma galeria de arte, um espaço só para isso. Acho que vai compensar nem que seja por amor à arte.

IZZA – Você nasceu em Pato Branco?

STELA – Nasci no Rio Grande do Sul, depois morei aqui, e em Pato Branco casei e fiquei por lá, eu gosto. Veja bem, que Pato Branco pela quantidade de políticos que tem é muito bem representada: são três deputados federais, dois estaduais, ministro, o Almeida, que está no Banestado, o Genuir Basso, meu tio, que está na Superintendência do Banco do Brasil, o Sebastião que está no Banco do Brasil em Brasília, também o Celso Wilker etc. Se analisarmos, são apenas setenta e cinco mil habitantes aproximadamente. Esse destaque político deveria repercutir em benefício para a cidade, porque muitas coisas deveríam ser feitas. Sei que Pato Branco cresce naturalmente por ser pólo, bem situada. As mulheres têm uma projeção social importante em função também de ser como falei uma cidade politizada, claro que tudo é uma decorrência.

IZZA – Você já pensou em entrar na política?

STELA – Não. Gosto muito, adoro e às vezes evito participar porque é uma coisa que me empolga, mas participar ativamente eu não gostaria, porque acho desgastante. Hoje os políticos estão muito desacreditados, e seria difícil tentar passar algo de verdadeiro para o povo, por mais boa intenção que
exista.

IZZA – E quanto à vida social?

STELA – E uma coisa gostosa, faz parte da vida, amigos são fundamentais, eu não conseguiría viver sem eles. Não digo a vida social superficial, mas a vida social de convivência, de afeto, de reuniões. Sou geminiana e não gosto de ficar parada.

IZZA – Quais seriam teus planos profissionais?

STELA – Tenho tantos que se eu conseguir pôr dez por cento em prática, vou me sentir feliz. Profissionalmente não tenho nada pré-determinado para 89, mas tenho vontade de fazer alguma coisa diferente. Tudo vem na época certa.

IZZA – Defina a elegância no teu ponto de vista?

STELA – Acho difícil definir. Claro que uma roupa bem trabalhada ajuda na aparência, mas elegância é muito mais a pessoa em si, que deve ser bem informada, porque a partir desse ponto ela saberá o que vestir com mais segurança. Não é uma grife ou um bom costureiro que será capaz de fazer da mulher uma elegante, porque a elegância vem de um conjunto de coisas, vem de dentro. A segurança é importante porque a mulher transmitindo isso, conseguirá ser elegante, e tem mais, a segurança e bom relacionamento você tem, a partir do momento que consiga passar alguma coisa para as pessoas. Roupas, acessórios, maquilagem somente não fazem da mulher uma elegante, porque são apenas complementos.

IZZA – Você que é uma presença constante nas colunas sociais principalmente de Curitiba, o que acha do colunismo social?

STELA – O colunismo social até há pouco tempo, eu sentia mais, a nível de fofoca, e algumas davam a impressão de coisa paga, mas graças a Deus mudou, existe um respeito, porque as pessoas não se importam mais em serem somente uma estampa. Lógico, aquelas que querem somente aparecer sempre vão existir e creio que sem isso o colunista não sobreviveria. Amor à arte, não existe mais, porque na época atual quem trabalharia de graça? Mas o colunismo agora se sobres sai mais porque está também preocupado em dar notícias úteis, servir de alguma maneira, agora existe muita coisa boa, também é cultura, um trabalho bom, às vezes bem escrito. Eu não acho importante vender a imagem pessoalmente, prefiro muito mais fazer alguma coisa em função de meu trabalho como empresária, tem muito mais valor. É importante ter algum algo mais. Sei que estou aparecendo atualmente, talvez seja porque estou frequentando mais socialmente, inclusive foi uma surpresa ter sido escolhida o ano passado como uma das doze mais belas jovens Sras. do Paraná. Acho que existem muitas mulheres bonitas que mereceriam, por isso me surpreendi, foi uma honra.

IZZA – Você se realizou trabalhando?

STELA – Sim, acho importantíssimo a mulher trabalhar, porque o trabalho mudou muito minha cabeça. Há mais trocas do informações, mais atualização e adquiri outros valores desde que comecei a atuar. E, na época atual a mulher não pode mais ficar em casa dependendo do marido para tudo, e até eu tinha restrições em dizer que era do lar, graças a Deus hoje eu sou empresária. Está certo, em casa, a mulher administra, tem trabalho quanto a isto eu concordo plenamente, que ela atua, mas é uma coisa desgastante que não traz tanto proveito. Trabalhar é importante para que a mulher tenha oportunidade de enriquecer culturalmente e até por uma questão financeira, pela independência e existe outro ponto, é bom também para o casamento porque a mulher que não acompanha o marido em seu crescimento acaba menosprezada, a distância entre os dois aumenta cada dia mais. Não é fácil também trabalhar fora, porque os problemas existem, ainda mais num País como o nosso onde é impossível fazer uma previsão ou um mapa para melhor conduzir a firma, mas mesmo assim vale a pena porque a mulher atuando fora não deixa de ser mãe, esposa, e ela tem muita capacidade isso já está provado.

IZZA – E quanto a teus filhos como é teu relacionamento?

STELA – Tenho dois filhos: Daniel e Izabella. Meu relacionamento com eles é mais de amiga do que propriamente mãe. Tenho que ser dura às vezes, conduzir, mas eles estão indo muito bem. São afetivos e carinhosos. O Daniel está morando aqui, estuda no Dom Bosco e mora com minha mãe mas seguidamente estou aqui em função dele.

IZZA – Você faz filantropia?

STELA – Eu gostaria de fazer principalmente em prol de pessoas idosas que mais me tocam. Como agora estão trabalhando neste sentido em Pato Branco, eu vou procurar me interessar mais do assunto para auxiliar.

IZZA – O que você acha sobre os movimentos femininos?

STELA – Certas idéias têm muito fundamento porque a mulher infelizmente ainda é discriminada e tem que batalhar pelo seu espaço, mas acho que existe também em alguns casos, muito folclore, muitos exageros. Bastante coisa foi feita que trouxe benefícios, mas há muito o que fazer. Como mulher eu acho muito bom e necessário. Não adianta negarmos o valor das mulheres porque vemos grandes homens mas sempre por trás deles, grandes mulheres.

IZZA – Já que estamos na época do Natal, você gostaria de deixar uma mensagem ou um recado para os leitores deste Correio?

STELA – A minha mensagem seria mais em termos de Brasil. Estamos num País viável apesar de tudo, e que mesmo com o sofrimento e a onda de pessimismo que impera, temos que ter esperança e muito trabalho para conseguirmos sair dessa vitoriosos e que esse ano que vai entrar talvez não seja fácil mas que cada um dê um pouquinho de si para que a barra que estamos enfrentando seja mais amena e que principalmente o povo pense um pouquinho na hora de votar para presidente.

 

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