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“Em Curitiba, estudei sempre ao lado da Praça Santos Andrade”, diz Fernando Antonio Miranda

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 Fernando Antonio Miranda

Curitiba, 7 de novembro de 1991.

  

CURITIBA, EU TE AGRADEÇO

  

Ter nascido em Curitiba, na Rua Fontana, foi um privilégio.  De todas as cidades que conheci, mundo afora, Curitiba é uma cidade opção.  Aqui nasceram os meus filhos, conheci pessoas interessantes, fiz amigos, trabalhei e trabalho, realizei coisas. 

Fui diretor de jornal, Presidente de Clube, criei mecanismos de exportação, entre postos, consórcios, centro de comércios, tradings,  trabalhando em grupos e em equipe.

Em Curitiba, estudei sempre ao lado da Praça Santos Andrade.  Do Colégio Santa Maria à Faculdade de Direito.  Sem interrupção.  Curitiba, além de chás de engenharia, do Hugo Simas, dos Clubes, das festas de quinze anos, das discussões generalistas até o amanhecer, seja no Café Ouro Verde ou na Boca Maldita, ficou uma certeza, como dizia o Pathé, em Curitiba não existem boêmios, existem homens que dormem tarde. 

E dois medos: o do Olho (crítico) de Curitiba, como diz o Dalton Trevisan e o frio do inverno úmido que faz o curitibano ser ensimesmado, fechado, mais caseiro, influenciado, ainda pela cultura dos que aqui vieram.  Embora, hoje, a característica anímica do curitibano esteja em mutação através da nova geração dos anos 70.

Curitiba, eu te agradeço por tudo isso e muito mais.  Eu poderia continuar falando das tuas virtudes, das qualidades e dos poucos defeitos que são mais características de que defeitos e que te dão até um certo charme.  Falaria dos Parques, das costelas do Caça e Pesca, da Schaffer, do Bar Palácio, do Restaurante Paraná, do Peixe Frito, da Guairacá, da página literária da Gazeta aos domingos, da revista Joaquim, do Diário da Tarde, da morte dos entes queridos, do Pé Espalhado e da Maria do Cavaquinho. 

Mas eu quero falar, Curitiba e te agradeço de uma real paixão que surgiu por tua causa.  E peço desculpas, Curitiba, porque por tua causa eu tive uma paixão maior e é um dos amores da minha vida e nessa paixão, quase doentia, mas que eu procuro manter o controle e a cabeça fria, estás incluída e és Capital.

Por tua causa, Curitiba, eu encontrei a minha paixão maior que é o Paraná.  Esse Paraná de tantas cidades extraordinárias, de um povo trabalhador, diferente, dinâmico, de um interior virtuoso e competente, nas fazendas, nos sítios, nos minifúndios, nas Cataratas do Iguaçu, das praias, de Caiobá, da produção ao lazer.

Que Grande Estado. “É o Canadá de São Paulo”.

Quando fui Secretário da Industria e Comércio do Paraná, conferimos uma pesquisa que se mostrou correta: é o Paranaense o povo que mais trabalha no Brasil.  E, no entanto, o que menos participa das decisões nacionais.  Coordenei e fundei, com dezenas de paranaenses,um projeto denominado “Paraná Brasil”, que teve desdobramentos. 

Ficou o convencimento: não podemos continuar à margem das decisões nacionais.  Daí nasceu o Centro dos Empresários do Paraná com as cooperativas, e pequenas, médias e grandes empresas, re-discutindo o Paraná, procurando caminhos, unindo e somando capital e trabalho para, com mais tecnologia e modernidade, chegarmos à uma ideia força. 

Todos queremos que o Paraná cresça, para nós paranaenses crescermos juntos.  E só.  Ideia simples.  Chegamos a ter no Coind 1.200 paranaenses, trabalhadores, prefeitos, empresários, trabalhando nesse Conselho custo zero para o Estado.  Uma soma incrível de experiência e vivência assessorando o Governo na busca de soluções.

Curitiba, eu peço, ajude o Paraná, a fazer a ferroeste, a hidrovia do Ivaí, a incentivar a agroindústria, com mais tecnologia apropriada, a evitar os passeios dos nossos produtos e matérias primas, ajude o Paraná a se desenvolver, a crescer.

E que o econômico e o social estejam juntos.  É fundamental.  Mas mais do que isso ajude a combater e eliminar uma palavra que se chama autofagia.  Nós temos que por amor ao Paraná estarmos acima dos partidos e administrarmos aqui mesmo as nossas possíveis divergências internas.

Juntos, Curitiba, encontro dos caminhos dos paranaenses, eu te agradeço.

Vamos sedimentar, unidos, um Paraná forte e justo.

Obrigada Curitiba.

  

FERNANDO ANTONIO MIRANDA

Ex-Secretário da Indústria e Comércio do PR

Presidente do Conid Internacional

Diretor Nacional da Associação de Comercio Exterior do Brasil

Conferencista e Palestrista das Nações Unidas

(International Tradin Center)

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