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“Como raízes do pinheiro do Paraná”, escreve Bebel Ritzmann

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“O tempo para na imagem

Flagra o instante sem fim

Onde o infinito põe o seu olhar em tudo”

                    ( Akal Muret Singh)

 

Curitiba somos todos nós: Andarilhos do calçadão da rua XV, equilibristas da ponte pênsil do Passeio Público, leitores dos Faróis do Saber, saudosos do Natal da HM e das bombas de chocolate da Confeitaria Schaffer, proprietários para todo o sempre da neve do mês de Julho de 1975…

Somos todos nós, como raízes do pinheiro do Paraná, unidos pelo sabor do pinhão e pelo calor do quentão.

Somos também um pouco daqueles que vieram antes de nós para explicar esse mundo próprio, este universo particular que só nós, autênticos curitibanos, podemos compreender.

Pela história de vida, minha bisavó Mercedes Seiler Rocha, mulher sem vaidade, fundadora do Educandário Curitiba, no Bacacheri, aprendi o que é a bondade.

Com meu avô, Edgard de Albuquerque Maranhão, aprendi sobre a leveza da vida, a beleza da natureza e o gosto pelo esporte, pois ele foi um grande craque do Clube Atlético Paranaense.

Da minha avó, Nenezinha, do alto dos seus 102 anos, aprendi e aprendo tanto e quanto sua longevidade permitir, e quando não puder mais contar seus anos, seus ensinamentos me conduzirão, a ter paciência e perseverança.

Com meu pai, Sérgio Ritzmann, aprendi o que é cultura e o que é política, como são os políticos e quem realmente precisa deles. Aprendi sobre a importância do empresariado e suas relações de trabalho com seus funcionários. Meu pai presidiu a Cohab e a Cidade Industrial de Curitiba.

Com minha mãe, Mercedes, aprendi o que é difícil de explicar, a importância das relações familiares e do que é feito o verdadeiro amor de mãe: absolutamente irrenunciável, incansável, eterno e infinito.

Pois então, além de todo esse legado, sou eu mesma a Bel, a Bebel, das faculdades de Serviço Social e Jornalismo, das quadras de vôlei do Curitibano, do Círculo e do Tarumã, do cheiro de café torrado que invadia o Colégio Sion, do respeito a Souer Cristina, do aprendizado com tantos advogados da OAB Paraná, da Caixa da Assistência dos Advogados, da Revista Ações Legais, da Editora Livros Legais, do Jornal O Morador e Opinião Curitiba. Da fotografia que enquadra, compreende, apreende e se aprende com tantos rostos curitibanos. Curitibanos incríveis, valorosos atentos, aplicados, com sinusite e resfriado. 

Sou personagem do Dalton, sou andarilha da quinze, sou capivara do Parque Barigui, sou dona da Neve de 75, reverencio a opulência da Universidade Federal do Paraná, respeito o topete, choro no Teatro Guaíra, rio com o Diogo no Guairinha e acredito na história do Fiani e do George Sada …

Sou fanática da Baixada até o Alto da Glória, frequento a Sapolândia e o Madalosso e ainda guardo roupas da Maison Blanche.

Mas então, decidi fazer algo para nossa Curitiba.

“Um belo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar
Que eu levava estando junto a você …”       ( Rita Lee)

 

No prédio da minha infância, construído em 1948, onde os paralelepípedos da rua Engenheiros Rebouças encontravam o fim do asfalto da rua 24 de Maio, resolvi fazer um hostel o “Hostel da Bel, da Bebel” (ainda não sei), para acolher forasteiros e mostrar-lhes um pouco do nosso jeito leite quente. Haverá sempre muito calor curitibano para aquecê-los, sopa de pinhão para alimentá-los e arte do Vidal para colorir a alma, só para o caso de o dia estar nublado…

 

                           “… raros olham para dentro, já que dentro não tem nada.

Apenas um peso imenso, a alma, esse conto de fadas. ”                                       (Paulo Leminski) 

 

Somos um povo fechado? É possível que sim, mas é preciso entrar nas casas e aproximar os corações e prendê-los em um abraço, como só mesmo os curitibanos sabem dar.

 

                              Bebel Ritzmann

                                Jornalista

 

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