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“A joia é uma peça de arte” fala Elisabeth M. Lèste de Athayde

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Curitiba, 7 de Abril de 1991

 

Elisabeth M.Lèste de Athayde; designer de jóias. Proprietária da East Mining.Co, com escritórios em Belo Horizonte, São Paulo e agora em Curitiba. Habilidosa e criativa, desde 1986 é nome de destaque no ramo joalheiro tendo recebido vários prêmios como Jovem Joalheira, Revista Vogue, entre outras. Esta é Elisabeth, Sra. Artistides Athayde.

 

Izza – Quando teve início a tua paixão?

Elisabeth – Eu sou formada em Serviço Social. Cheguei a defender a tese, mas de repente mudei o rumo das coisas. Comecei em 1986, fazendo desenho de jóias. Fiz a escola Mineira de Joalheria e quando saí, já tinha uma ideia definida de criar algo novo. Comecei a pesquisar e as coisas foram evoluindo, aí nasceu a East Mining Co.

Izza – Qual foi a sua primeira peça lançada?

Elisabeth – A linha de frente das minhas peças são desenhadas e criadas por mim. Quando o cliente compra pode ter certeza que está adquirindo exclusividade. Claro, que atualmente, pelo volume dos negócios, tenho auxiliares, cravador, ourives, fundidor, modelista’ e vendedores.

Izza – Quantas peças você costuma lançar atualmente?

Elisabeth – Lanço duas estações por ano e 12 peças em cada uma delas. Geralmente 4 são incorporadas pelo sucesso que alcançaram. As que não forem bem aceitas são eliminadas.

Izza – Em se tratando de jóias, podemos dizer que existe moda?

Elisabeth – A moda em joia, não é tão dinâmica quanto a roupa por exemplo. Existem tendências, elas seguem o momento e ficam em moda geralmente por 10 anos. É um bem durável.

Izza – Qual seria a tendência atual?

Elisabeth – O romantismo. As peças com ouro, diamantes, rubis, safiras e esmeraldas.

Izza – E as pérolas?

Elisabeth – Na década de 50, as pérolas eram o grande “must”e hoje voltaram. Antigamente tínhamos a pérola redonda, perfeita. Hoje com o desenvolvimento na parte das joalherias e de pérolas no mundo todo, houve uma variação de mercado, fantástica. Temos desde a pérola cultivada, passando pelas de água doce (grão de arroz) a Biwa, South Seas que é inserida numa forma de origem calcária e que o molusco cobre com nácar. Hoje até em formato de coração, gota, etc. A pérola negra não tem preço, é caríssima. A natural varia do cinza a branco e a extra branca foi descolorida. A rosada foi colocada na água com corante mais ou menos 39 graus centígrados.

Izza – Qual seria o fator responsável pela má qualidade da lapidação? 

Elisabeth – As dificuldades na importação de maquinários. Quando a peça é mal lapidada, fica desqualificada.

Izza – Por isso as pedras geralmente vem de fora?

Elisabeth – É esse o motivo. No caso também da esmeralda. As nossas são maravilhosas e dispensam o uso do optcron (tipo de material usado na pedra para intensificar e fixar o verde). A nossa, quando é verde é realmente verde, o que não acontece em outros locais como o México e Colômbia mas a nossa lapidação faz com que a qualidade baixe muito.

Izza – Este ramo deve ser apaixonante, não?

Elisabeth – É muito, porque trabalho com pessoas felizes. Quem está comprando uma joia realmente está comemorando alguma coisa. E para quem cria é fascinante porque a joia é eterna.

Izza – A fase atual não dificulta as vendas?

Elisabeth – Joia mesmo que dispendiosa é vendida em qualquer época. É como um objeto de arte. Depois existe sempre uma classe que não sofre as conseqüências das crises. Eu parto do seguinte princípio: sempre que alguém está perdendo, alguém está ganhando. Eu vivencio um Brasil em crise desde 1986 e vejo os joalheiros como eu como meus concorrentes, crescendo.

Izza – Em caso de compra o homem e a mulher geralmente tem a mesma preferência?

Elisabeth – O homem geralmente opta por peças mais tradicionais em ouro, brilhantes, rubis e esmeraldas, já as mulheres gostam de inovar. Apreciam ouro mas também jóias que vão enfeitá-la dentro de um visual mais arrojado.

Izza – Qual seria a proposta que você está trazendo à Curitiba?

Elisabeth – Eu tenho um escritório em Belo Horizonte e São Paulo e estou ansiosa para abrir um também aqui. A fundição e a indústria estão em Belo Horizonte, conseqüentemente a daqui será uma filial. A inauguração será ainda este mês, no Graciosa Country Club.

Izza – Por que você optou por Curitiba para abrir uma filial?

Elisabeth – A princípio pensei em abrir na Bahia e cheguei até a pesquisar o campo. Depois pensei em Curitiba e cheguei a conclusão de que a forma de vida das curitibanas se assemelha a de Minas onde nasci. Aqui tenho muitos amigos. fiz uma amostragem e fiquei entusiasmada com a aceitação de minhas peças.

Izza – O que mais te surpreendeu aqui em Curitiba?

Elisabeth – Quando apresentei minhas criações, vendi as peças mais arrojadas, inclusive coral que só compra quem realmente conhece. Realmente eu pensava que as preferidas seriam as tradicionais.

Izza – Você acha nosso mercado muito atraente?

Elisabeth – Dizem que os curitibanos são exigentes e isso é bom porque procuro antes de tudo mostrar qualidade. Por exemplo: meus diamantes tem cotação na bolsa, vem com classificação no código internacional dos diamantes que poucos diamantários dão. São classificados por letras e números como o código mundial preconiza e podem ser vendidos em qualquer lugar do mundo.

Izza – O fato de você estar morando atualmente em Curitiba não dificulta o teu trabalho?

Elisabeth – Não. Eu desenho as peças e mando por FAX e quando é mais complicado tiro o molde em Metalina (metal que se usa para tirar a peça antes de ser fundida). Com a equipe trabalha comigo desde 1986, as coisas tornam¬se mais fáceis e quando tenho maiores dúvidas vou a Belo Horizonte.

Izza – As peças premiadas foram vendidas?

Elisabeth – Elas fazem parte de um acervo. Tem muito valor por isso só são feitas sob encomenda.

lzza – O que é gratificante?

Elisabeth – Ver o meu trabalho reconhecido. Desde que comecei, ganhei vários prêmios e isso considero gratificante. O primeiro foi em 1987 como jovem joalheira. Em 1989 fui escolhida pela Revista Vogue. Mesmo na época de escola recebi prêmios.

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