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“Os espaços devem ser conquistados” diz Marina k. Taniguchi

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Curitiba, 11 de novembro de 1989

 

MARINA K. TANIGUCHI; É um exemplo de capacidade e competência. Atua há 18 anos à frente da Gráfica Executive. Vice-Presidente da Associação Comercial, Presidente do Sindicato da Indústria Gráfica, vice-presidente da Federação das Indústrias e presidente do Banco da Mulher. Esta é Marina, Sra. Cássio Taniguchi.

 

Izza – Há quantos anos você dirige a Executive?

Marina – Há dezoito anos. Trabalhei um ano e meio em outra gráfica, com um grupo, e depois abrimos a “Executive”.

Izza – Como é o seu trabalho aqui?

Marina – Super empolgante, porque cada trabalho é criativo e novo. Não existe repetição a não ser que você faça um impresso, mas mesmo que seja um impresso sempre há a parte de criação. É uma outra realidade. É vibrante porque observamos todas as fases que vão se desenvolvendo. Às vezes a pessoa traz um rabisco e sai com uma coisa linda. No caso de um livro, chega um amontoado de rascunhos e o resultado é um impresso maravilhoso. Efetivamente é muito trabalho. Se estivermos envolvidos com a produção, entramos às 7 da manhã e saímos às 19h e 30 minutos da noite. São detalhes pequenos que compõem e não podemos nos descuidar do processo.

Izza – A que você atribui o sucesso da Executive?

Marina – Quando nós começamos, iniciamos numa faixa que não era praticamente atendida pelas gráficas que existem aqui em Curitiba. Nós nos dirigimos especialmente à elaboração e impressão de projetos especiais. Consequentemente, empresas de engenharia, arquitetura, que precisavam de relatórios especializados, nós atendíamos com rapidez e qualidade que era o que eles exigiam. Assim fizemos o nome e fomos pioneiros. A partir do crescimento da gráfica mudamos um pouco. Passamos a atender bastante o mercado de impresso comum, de publicidade, etc. Além disso dávamos tranqüilidade ao cliente, que às vezes trazia um rascunho e aqui encontrava pessoal especializado para atender composição, arte final, fotolito, etc. Continuamos atendendo essa parte e também a de relatórios, serviços rápidos, padronização de impressos, etc. É uma profissão gratificante.

Izza – Nestes 18 anos dirigindo a Gráfica Executive, o que mais te gratifica?

Marina – Tenho uma série de emoções. O que me gratifica são os meus funcionários que fazem uma parte gostosa do cotidiano. O respeito que eu tenho por eles e que eles têm por mim, é emocionante. Sempre os vejo como amigos, pois crescemos juntos. Em relação aos trabalhos, sinto-me feliz quando um trabalho está pronto porque é um pedacinho da nossa criação que é concluído. Todo o meu pessoal se orgulha do que faz.

Izza – Como vai o Banco da Mulher?

Marina – Sou a atual presidente. É um trabalho muito empolgante. Eu acho que quando você faz alguma coisa na vida, tem que dar algo para a comunidade como um todo. O Banco da Mulher é uma forma de doação. Dedicar um pouco de nosso tempo, de nossa experiência, para as pessoas que estão precisando crescer é importante.

Izza – Qual é o objetivo do Banco da Mulher? 

Marina – Dar oportunidade à pequena empresária. Com isso ela tem acesso a linhas de crédito, informações técnicas, jurídicas, etc. Essa informação técnica é sempre dirigida a cursos. Às vezes a mulher necessita um aperfeiçoamento em corte ou saber onde comprar o melhor material, e nós a encaminhamos. Temos convênio com o SESC, com o SENAC, SENA! e indicamos onde ela pode dissipar as dúvidas e aprender. Agora estamos tentando ampliar a gama desses cursos na parte rural, de conservação de alimentos, aproveitamento.

Izza – Quais as outras funções exercidas por você?

Marina – Participo do Sindicato da Indústria Gráfica, sou presidente. Acho que aqui no Paraná, sou a primeira mulher a ser presidente de um Sindicato de empresárias. Sou vice-presidente da Federação das Indústrias. Os espaços devem ser conquistados, não é fácil. Ninguém convida uma mulher só porque ela sabe fazer alguma coisa; ela tem que demonstrar trabalho, competência, seriedade. Dedicar-se talvez mais do que o homem, porque ela é cobrada duas vezes, primeiro pela sua competência e depois por ser mulher. Aí depende de cada uma, de sua garra, do que pretende. Bem, além disso, eu cuido da parte administrativa e financeira de uma fazenda que temos na Lapa, de produção de pêssegos.

Izza – Você acha que todas as mulheres deveriam trabalhar?

Marina – Elas não são obrigadas a trabalhar. É uma questão de temperamento, de cultura, valorização dela mesma. Se a mulher não sentir necessidade intelectual nenhuma a mais do que cuidar da casa, é uma questão de opção. Eu pessoalmente, acho que ela não foi feita para cozinhar, lavar fraldas somente. Ela tem capacidade de fazer algo melhor. Temos que ver que hoje a mulher é mais liberada e pode lutar por uma programação. Eu tenho dois filhos e não vejo nenhum problema por eu não ter estado em casa 24 horas por dia. Eles são ótimos. Minha filha Kerstein tem 20 anos e está no 4? ano de Medicina. Meu menino Gustavo, tem 16 anos e está terminando o 3? Grau. Eles são independentes e responsáveis, sabem o que fazem o que querem dentro de uma coerência.

Izza – Nessa crise que atravessamos, você começaria um novo negócio?

Marina- Com certeza. O Brasil tem enormes possibilidades para tudo. Curitiba cresceu violentamente. Se você andar pela periferia vai notar que em alguns bairros falta até padarias. Dentro do que a pessoa sabe fazer, existem milhões de oportunidades. Depende da vontade de cada um. Eu não que a situação seja crítica. Pode mudar o presidente mas o País não muda e as coisas continuam acontecendo. Nós temos um crescimento vegetativo grande e um mercado interno enorme. Sabemos que existem problemas econômicos sérios, mas as possibilidades, com certeza, ainda existem.

lzza – Para finalizarmos esta conversa, qual é o conselho que você daria para um empresário?

Marina – Acho que seria uma recomendação. O empresário deve estar atento para o que está acontecendo lá fora. Hoje não é importante só produzir bem, vender bem e comprar bem. Se você não fizer essas três coisas. Importante é também olhar para os funcionários e ver que a inflação não está atingindo só as empresas mas a eles também. Tentar acompanhar o crescimento, tentando remunerar melhor para que ele trabalhe melhor. A arte é olharmos para dentro e para fora.

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