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“Convivência com a arte” explana Sarita Guelmann Grupenmacher

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Curitiba, 26 de Agosto de 1989

 

Já foi professora, diretora, orientadora educacional e assessora de relações públicas. Há dez anos atua na galeria Momento-Arte, uma das mais tradicionais de Curitiba. Esta é a Sarita, Sra. Salomão Grupenmacher.

 

Izza – Há quanto tempo existe a momento-arte?

Sarita – Começou em 1979 na rua Brigadeiro Franco e, na época, era da Maria Cristina Moro. Depois de mais ou menos dois anos, eu entrei de sócia; portanto, estou aqui na galeria há quase nove anos.

Izza – Neste período surgiram muitas outras galerias de arte?

Sarita – Claro, abriram muitas, principalmente na fase do Plano Cruzado, mas já fecharam. As que não tinham base nem tradição não continuaram. Sei também que atualmente muitas continuam encerrando suas atividades por causa das dificuldades da época Não só as galerias como o comércio em geral. Todo está muito difícil.

Izza – Você acha que as vendas não diminuíram nesse setor?

Sarita – Claro que existem pessoas que compram quadros para enfeitar a sua casa, distribuem nos diversos ambientes, porque gostam. Este é o tipo de público que compra para si. Há outro público, que coleciona; compra e gosta de adquirir e sempre está descobrindo quadros novos. Trocam um pequeno por um outro maior do mesmo artista que apreciam e estão constantemente montando sua pinacoteca, se dedicam a isso. Todos os meses visitam a galeria para ver o que há de novo. No momento esse público feito de colecionadores está diminuindo as compras. Veja a renda do open/over – e isso faz com que seja interessante economizar, empregar o dinheiro. Este tipo de clientela está menor. Os artistas também estão atualizando os seus preços, mas esta atualização é menor do que a do over.

Izza – Você acha, particularmente, que comprar uma tela é um bom investimento, ainda? 

Sarita – Acho. É e sempre foi um bom investimento. É uma questão de tradição! Lógico que é necessário ter “feeling” para saber qual é o artista que vale como investimento. As vezes podemos comprar um quadro pensando que é um bom investimento quando, na realidade, na hora de vender a gente se conscientiza que não foi o que esperava Acho que em qualquer ramo de negócios temos que saber onde vamos investir, o que vale a pena. Aqui na galeria procuro orientar na medida do possível.

Izza – O curitibano tem preferência por algum gênero em especial?

Sarita – Não posso dizer o curitibano em geral, mas existe aquele curitibano que prefere comprar artista paranaense e não quer saber de outros. Muitos colecionadores também compram Bakum, De Bona, Nisio e outros mais antigos. Dedicaram-se e gostam deste ou daquele. Outros compradores, adquirem telas de outros artistas e não gostam dos paranaenses. E comum pensarem que estes atristas paranaenses somente são conhecidos aqui no Paraná e são difíceis de negociar no Rio ou São Paulo.

Izza – E isso é verdade?

Sarita – Muitas vezes, pessoas do Rio e São Paulo que possuem artistas paranaenses ligam para cá perguntando se estamos interessados em comprar por não terem mercado lá. Claro que este não é caso, por exemplo, de Rubens Esmanhoto, muito conhecido do Zimermann, que já ganhou prêmios fora. Estes artistas que estão expondo em outros centros estão fazendo um nome nacional.

Izza – Pessoalmente, qual o estilo que você mais gosta?

Sarita – Eu misturo muito, inclusive em minha casa. Na galeria eu preciso ter vários gêneros para atender as pessoas que vem aqui; O meu critério é o seguinte: eu poria este quadro em minha casa? Então eu vou pôr em minha galeria Eu gosto de tudo; de Manabu Nabe, do Rubens Esmanhoto, Wilson de Andrade e Silva, do desenhista de Porto Alegre, Eduardo Cruz, etc. Se você perguntar o que mais aprecio é o Carlos Sclier. Acho-o formidável, não só como artista e pintor. E ele mesmo quem faz suas tintas, que cria as cores, seu trabalho é maravilhoso e a composição é perfeita Também como pessoa é fantástico, um exemplo; espero no ano que vem fazer uma exposição com ele.

Izza – Para escolher um quadro é necessário ter profundo conhecimento do assunto?

Sarita – Não é necessário tanto conhecimento. Eu, por exemplo, não digo que entendo profundamente porque eu estudei com o Guido Viaro mas nunca fui pintora; mas penso que, para a pessoa escolher um quadro para si, para ter em casa, para dar prazer, tem que sentir aquilo como uma coisa que faça bem, não interessando se o artista é famoso ou não. Às vezes a tela de um artista desconhecido nos é muito agradável aos olhos. Se gostarmos de uma obra de um artista famoso, melhor ainda, porque assim está se investindo numa coisa já feita. O que interessa é o que sentimos, a impressão que temos, a empatia Eu aconselho as pessoas a seguirem o seu próprio instinto.

Izza – Como é a Sarita-avó?

Sarita – É a coisa mais linda do mundo. Adoro meus netos, brinco muito com eles – tenho quatro netinhos, dois meninos e duas meninas. O domingo, passo com eles: Nicole, Diana, Pedrinho e Saul.

Izza – Para finalizarmos esta conversa, o que você gostaria de dizer?

Sarita – Eu gostaria que nosso período político e econômico caminhasse para uma segurança, uma estabilidade, porque a segurança social política e econômica é essencial, pois estamos atravessando fase difícil. Se tivéssemos tudo isso, teríamos mais harmonia, o que conseqüentemente, tomaria nossa vida mais leve, mais fácil, com mais otimismo, esperança e confiança, que está faltando ao povo. Quanto as próximas eleições, espero que aconteça alguma coisa diferente. Os candidatos estão se esforçando para mostrar sua vontade por mudanças, pois ninguém deseja que as coisas continuem como estão. Vamos rezar para que tudo dê certo.

 

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